NA SOMBRA...

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

MEMÓRIAS 2...


Chegada a Atlanta (de novo)
Saí de ônibus de Macon/Georgia (tem outra Macon lá, então eles sempre citam assim) e cheguei em Atlanta à noite. Aí sim tive a dimensão do negócio: a cidade é enorme! É uma São Paulo afrodescendente... (assim como a nossa é nordestina).
Após caminhar zanzando pela rodoviária, achei umas vans do lado de fora e peguei uma, com o pedido de ir pro hotel perto do "anel olímpico" mais seguro/barato que o cara conhecesse. Entrou uma galera na van, ele foi despejando todos, até que sobrou eu e a dupla da condução. Nesse momento eu gelei. Sozinho numa cidade desconhecida, o inglês dos caras era todo de gírias locais, já tínhamos rodado até o inferno e nada. De repente meu guia entra numa highway, roda bagarái e joga pro estacionamento (vazio e às escuras) de um Wallmart! Ali selei meu beijo com a morte e pensei na minha avó! Eis que surge, atrás do prédio principal, uma estradinha, subindo uma encosta e chegando a um hotel que, realmente, ERA o mais barato da cidade.
Um prédio de 3 andares em forma de U, com um chafariz (sujo, quebrado e abandonado) no meio do pátio que também servia de estacionamento.
Meus black giants brothers desceram e me entregaram à uma recepção escura e toda blindada, com vidros espessos e sujos, de onde se via a doce figura de uma tiazinha anciã coreana, que falava um inglês bisonho e me atendeu pelo buraco que abria e fechava por baixo do vidro do balcão principal. Ela ficava dentro de uma espécide de jaula, sem contato com o mundo exterior.
Gritei minhas pretensões, fingimos que nos entendemos, dei o dinheiro adiantado e peguei a chave do quarto. Pela espelunca que era, o quarto servia plenamente! minha janela dava pra ribanceira que rolava até o estacionamento do supermercado, sem condições de alguém chegar até ela. Tomei um banho mega, encostei a cama na porta, pus uma sunga com meu parco dinheirinho e o passaporte DENTRO e deitei com meu cinto de couro e fivela de aço ao lado da cabeceira.
Esse descanso demorou uns 5 minutos.
Alguém bateu à porta. Abri. Era uma multata magricela, clássica junkie de pipe, meio fedida, com uma roupa que-vô-te-contá... perguntou se eu queria fazer sexo! LÓGICO QUE EU QUERIA!!!! Mas não com ela. Tchau.
Ela insite. Cinco bucks um boquete! (padrão de preço da Vila Mimosa, mas o da mulher era muito cracolândia).
Ante minha desistência, pergunta se sou gay, pois seu amigo é bonito (!!??!!) ou se tenho alguma doença, que pra ela não importa. Despacho educadamente e me preparo pra uma longa noite de espera pelo sol raiar!
Batidas à porta novamente!
Abro e dou de cara com meus guias. Falam rapidamente mil coisas, que entendo algo sobre amigos, cerveja, brasileiro e bagunça. Venceram. Visto a roupa e desço. Ali ERA a cracolândia do pedaço. Vários pipes acesos, uma galera pra lá de sinistra e eu quase não entendia nada do que eles falavam. Liguei o foda-se e comprei uma cerveja com a velhinha coreana.
De repente chega um cara num conversível antigo, bancos esfarrapados e fedorento. Tinha tudo dentro daquele carro. Eu e os guias entramos nele e partimos rumo ao (meu) desconhecido mais uma vez. Percebo que dois dos caras estão armados e pergunto se preciso de uma arma também, eles dizem que não, pois com eles estaria seguro. Ah bom! Despreocupação imediata! Depois da alma de Bob Marley rodar sobre nossas cabeças, paramos em uma liquor store e compramos uísque (começaram a falar a minha língua numa facilidade...).
Mostro meu canivete humilde que, acreditem, fez o maior sucesso, pois ele era de aço japonês, que se encaixava na palma da mão e abria rapidamente. Troquei-o por uma garrafa de Jack Daniel´s.
Voltamos ao pátio e a mulambada toda havia partido. Um dos meus guias me arruma outra mulher, muito melhor que a outra, mas me adverte que talvez tenha AIDS, pra que eu use camisinha. E tome-lhe a segunda broxada da noite!
Sento bêbado na varanda, matamos o JD ouvindo música democraticamente (cada um colocava uma por vez) e espero a chegada do sol.
Desço ao telefone público do pátio, peço um táxi que a vovó coreana me passa o número e vou pro centro da cidade, ao anel olímpico (era uma área de segurança máxima onde tinha o parque e outras atrações dos jogos).
E vem outro dia na bagunça...
(foto do Parque Olímpico do Centenário)

2 comentários:

  1. Meu amigo estou me divertindo com a leitura! Adorei mais uma vez! bjo

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  2. Por isso "eu rezo" por ti, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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