NA SOMBRA...

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domingo, 5 de dezembro de 2010

MEMÓRIA DE MERDA 1


Perdi meu caderninho de memórias de viagens. Escrevia na época em que viajava pelo mundo sem grana, no perrengue de acompanhar de perto meu trabalho com algumas pessoas ao redor do mundo... Como as situações eram por vezes bizarras, resolvi anotar a maioria, mas agora perdi. Então decidi TENTAR reescrever, com o pouco que me resta de sanidade e memória...
A prmeira foi pros EUA, em 1996.
Fazíamos um trabalho visando o mês de outubro, em Portugal, e no meio do caminho ganhamos a possibilidade de testar nos EUA, em julho. Arrumei a grana da passagem subornando e chantageando a família, e como sempre deu certo. Mas não tinha grana suficiente pra ficar por lá.
Parti com minha megabolsa, carregando instrumentos de trabalho os mais variados (que NUNCA passariam da primeira revista hoje em dia, na neurose terrorista). E já fui recepcionado pela polícia do aeroporto de Atlanta, porque um dos aparelhos parecia uma bomba e outro uma pistola. Quando passou no raio X eu virei o principal suspeito de toda a área. Foram quase 15 cops around, alguns com armas em punho, e um que pediu gentilmente, encostando a arma quase na minha orelha, que eu me mexesse BEM DEVAGAR e abrisse a bolsa sem mexer muito as mãos (pelo que entendi do inglês dele, entre os saltos que meu coração dava dentro do peito...).
Passado o susto, tapinhas nas costas e desejos de boa sorte na viage (realmente eu precisaria muito disso).
Chegamos no terminal F, e eu me achando o poderoso, quis ir andando até a saída, pra "ver o aeroporto". Só depois de muita caminhada com a bagagem pesada me dei conta que havia um metrô DENTRO do aeroporto, com 7 estações (eu havia acabado de passar pela 6ª). Então esperei o trem e fui rumo à saída (sábia decisão, o aeroporto é um dos maiores do mundo...)
Finalmente pude testar meu inglês do BRASAS! E num é que deu certo gastar aquele tempo e aquela grana? eu entendia quase tudo o que as pessoas falavam!!! E vocês não tem noção do que é o sotaque americano por aquelas bandas... Saí e peguei uma van pra Maicon City, onde encontraria com meus amigos. Depois de 1h30 estava na cidade de Martin Luther King, Jr.
Achei a escola onde era o quartel general brazuca e percebi que a galera não acreditava muito que eu realmente apareceria por lá...
Como não era bem-vindo (pra variar) e não tinha dinheiro, tivemos que fazer uma alocação: eu ficava por lá, de dia, comia meio escondido no refeitório e fim de tarde fingia que ia embora pro meu hotel. Ao cair da noite, retornava escondido (não havia muros nem muitos obstáculos no lugar, pois era uma escola para cegos) e entrava no quarto de um camaradam dormindo escondido embaixo da cama. Pela manhã bem cedinho eu acordava e saía rápido, pra aparecer em seguida fingidno que tava chegando. Isso me custou alguns jantares de milkshake na lanchonete Crystal, uma espécie de MacDonalds genérico da área.
A couple of days later, fui fazer um reconhecimento da cidade, pequena e simpática, localizada nas antigas áreas de fazendas escravagistas de coleta de algodão. Andei por um bom lado até chegar à estação central de trem e museu Martin Luther King, Jr. Não imaginava que a cidade era bipartida: de um lado da linha do trem a paz, do outro, o caos. E foi por onde eu voltava alegremente, tirando fotso das casas velhas e sujas, quando um furgão me abordou. Só o sujeito que tava na porta já dava pra ver o tamanho da encrenca, mas quando ele cismou que eu era mexicano, tive que negociar a saída do bairro proibido. me foi indicada uma placa, mais ou menos 10 quarteirões de onde estávamos, e eu deveria alcançá-la em um período de tempo quase olímpico... o que fiz!!! Cheguei na escola quase infartando mas me livrei dos afroamericanos que queriam meu lombo chicano com jalapeños e Corona.
Então parti pra Atlanta. mas isso é outra parte, em breve...

3 comentários:

  1. Fernanda Derzi Saldanha5 de dezembro de 2010 às 12:02

    Adorei!! estou curiosa pra saber o que aconteceu em Atlanta!
    bjo

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  2. Escrevendo cada vez mais limpo. O espaço aqui é perfeito para registrar suas memórias.
    Melhor ainda poder te escutar ao vivo grandes e saborosas histórias! Beijão

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  3. Só tu mesmo.
    Adorei o blog, so assim mato saudade de te ouvir..lendo.
    Mas parece que tu tá aqui contando, do meu lado.
    bjos
    saudade te amo

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