NA SOMBRA...

NA SOMBRA...
Vem comigo?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

QUERER

"E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer."
Assim termina a introdução do livro de Amyr Klink - Cem Dias Entre Céu e Mar - meu recurso para os momentos de dificuldade, desânimo e para fortalecer o desapego. Reli na minha última viagem (sempre leio no avião, fazendo as horas tornarem-se minutos que quero prolongar).
"No mar, o menor caminho entre dois pontos não é necessariamente o mais curto, mas aquele que conta com o máximo de condições favoráveis"
Citando FERNANDO PESSOA:
"O esforço é grande e o homem é pequeno
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrãoao pé do areal mreno
E para deante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão signala ao vento e ao céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é portuguez."

"O medo de quem navega não é o mar, mas a terra."
"...como conseguimos ser estúpidos às vezes, ...como nos falta o sentido prático da natureza."
"...no mar há um sentido de utilidade e renovação eternos."
"...comecei a pensar no sentido da solidão. Um estado interior que não depende da distância nem do isolamento, um vazio que invade as pessoas e que a simples companhia ou presença humana não podem preencher..."
"Assim como nas boas horas o lado positivo das pessoas se soma, nas horas negras o lado negativo se multiplica, criando pânico e trazendo às vezes perigo maior do que a própria situação."
"É engraçado como o bem-estar não depende do conforto, da tranquilidade ou de situações favoráveis, mas simples e unicamente da sensação de ir em frente."
"Ao se caminhar para um objetivo, sobretudo um grande e distante objetivo, as menores coisas se tornam fundamentais. Uma hora perdida é uma hora perdida, e quando não se tem um rumo definido é muito fácil perder horas, dias ou anos, sem se dar conta disso."
"Na quietude daquela noite, a última, ancorado no infinito sossego da Praia da Espera, sonhando com os olhos abertos e ouvindo outros barcos que também dormiam, descobri que a maior felicidade que existe é a silenciosa certeza de que vale a pena viver."

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Tudo Pelas Mulheres

...

Tem dias em que

Parte de mim lacrimeja

Molhando meus sonhos pelas tuas partidas ao vento...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

BOM DIA

19/01/04

Meu coração e meus olhos

Se enchem de alegria

Ao lembrar da boca sua

(saudade dos beijos, que agonia!)

E da sua companhia...

Quando meus braços gritarem pelos seus

E minhas pernas correrem em sua direção

Direi ao meu coração:

“calma, vagabundo, bate no compasso da paixão

e espera seu amor iluminar sua vida

com seu sorriso, sua paz e emoção.

Aí, juntos, juntinhos,

Pra sempre caminharem na mesma direção.”

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sur le soleil de satan

AH ESSE CÉU,

QUE BRINCA DE COLORIR!

E O SOL COM SEU VELUDO DE FOGO,

QUE SABE ME SEDUZIR!

SOBRAM OS MEUS PÉS,

PRESOS NA TERRA,

SONHNDO COM ASAS...

SOBRANDO,

SEM CASA...

RUO AO DESCONHECIDO.

(ALO ACRE, MINHA FLORESTA ENCANTADA, ESSE É O TEU CÉU, E EU TÔ CHEGANDO AÍ DAQUI A 3 DIAS...)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

FETICHE – Moda, Sexo & Poder




MUITO PHODA!
RECOMEEIINDO!
666

Valerie Steele – Rio de Janeiro, Ed Rocco: 1997.

- NÍVEL 1: Existe uma pequena preferência por certos tipos de parceiros sexuais, estímulos sexuais ou atividade sexual. O termo “fetiche” não deve ser usado nesse nível.
- NÍVEL 2: Existe uma forte preferência...(Menor intensidade de fetichismo).
- NÍVEL 3: Estímulos específicos são necessários para a excitação e a performance sexuais (Intensidade moderada de fetichismo).
NÍVEL 4: Estímulos específicos tomam o lugar de um parceiro sexual (Alto nível de fetichismo).
O fetiche bem pode ser um substituto para o pênis da mãe, mas isso não é tudo o que ele significa. A teoria freudiana clássica é insuficiente porque ela interpreta o complexo de castração “num sentido estreito, relacionando-se à percepção dos genitais femininos”. Mas “a própria idéia de castração deve ser ampliada” para incluir “o que a precede: ansiedade de separação”.
Castração é problema de vulnerabilidade física e emocional não limitada aos medos relacionados aos genitais.
Michel Foucault chamou o sexo de “a explicação para tudo, nossa chave-mestra”. Ele também descreve o “fetichismo” (entre aspas) como a “perversão modelo”, que “servia de fio condutor para analisar todos os outros desvios.” Mas ele rejeitava a visão psicanalítica da sexualidade como cerne da identidade de um indivíduo e força motriz da ação humana, argumentando que a “psiquiatrização do prazer perverso” era o equivalente moderno ao confessionário e a última forma de saber-poder.
...a sociobiologia sugere que as características “intempestivas” masculinas fazem com que os homens tenham uma tendência a serem lascivos e indiscriminados nos seus acasalamentos sexuais.
A sexualidade humana não é, de modo algum somente um problema de fazer o que der na telha naturalmente; é sempre uma construção psicológica na qual a fantasia tem um papel importante.
Não é o comportamento que é significante, mas o significado que o comportamento indica.
Como Michel Foucault nos lembra, o corpo tem sido objeto de vários tipos de “poderes disciplinares”. As relações de poder “investem-no, marcam-no, treinam-no, torturam-no, forçam-no...a emitir sinais.
Calçado com um sapato de salto alto, “o pé se torna uma arma misteriosa que ameaça o homem passivo; e ele se envaidece de ser assim conquistado.
Estereótipos primitivos de gênero são típicos das fantasias fetichistas.
Mas em seu livro ganhador do prêmio Pulitzer, A negação da morte, Ernest Becker argumenta que “o pé é seu próprio horror, além disso, é acompanhado por sua própria impressionante e transcendente negação e contraste – o sapato”.
Ansiedade de performance é um medo masculino, e essa pode ser uma das razões pelas quais o fetichismo é quase sempre uma perversão masculina.
Alguns psiquiatras sugerem que pode, de fato, haver uma relação entre “criatividade e perversão”. Eles argumentam que os “pervertidos” são especialmente atraídos pela arte e pela beleza, e sua compulsão a idealizar está relacionada à sua necessidade de mascarar a analidade. Assim, o objeto de fetiche é tanto cheiroso quanto brilhante.
Saltos também deixam uma mulher mais alta, “o que é uma vantagem sobre os homens,”
Ao colocar a parte inferior do corpo num estado de tensão, o movimento dos quadris e das nádegas é enfatizado e as costas ficam arqueadas, impulsionando o busto pra frente.
Westwood desenhou sapatos de plataforma tão altos que a modelo Naomi Campbell caiu durante seu desfile.
Emile Zola descreveu a lingerie em exposição em uma loja de departamentos parisiense que parecia “como se um grupo de garotas bonitas tivesse se despido, peça por peça, até a nudez satânica de suas peles”.
De acordo com a condessa de Tramar, o ato de despir marcava “as estações amorosas do desejo”. Se a mulher também quisesse ser a amante de seu marido, ela deveria reconhecer “a importância essencial” da roupa íntima erótica. “É a espera por excitações sedosas, carícias de cetim, farfalhar charmoso, e fica desapontado com uma massa disforme de lingerie rígida...É um desastre!”
“Os homens gostam de garotas que gostam de lingerie”, declarou a stripper Lily “Cat Girl” Christine num artigo de 1956 provocativamente intitulado “Minhas belezas ocultas”.
Acredita-se comumente que o fetichismo seja uma perversão especificamente ocidental, mas as evidências indicam o contrário.
Quando as calcinhas substituem os genitais como fonte principal de excitação erótica, os psiquiatras tendem a especular que há uma fobia subjacente com respeito seja aos genitais femininos seja ao ato do intercurso.
Os homossexuais também podem fetichizar cuecas masculinas, que velam a visão do pênis de outro homem. Os sexólogos observam que alguns homens “colecionam calcinhas de conquistas sexuais e alguns homens levam um par de roupas íntimas de suas amantes com eles quando viajam... Isso ocorre nos relacionamentos gays também”. Mas parece haver uma diferença entre aqueles homens que se masturbam, faut de mieux, “associando a calcinha a uma pessoa específica”, e “verdadeiros” fetichistas que ficam primordialmente excitados pelo cheiro e pela sensação das calcinhas propriamente ditas.
O sexo com espelho tem um papel importante na masturbação fetichista.
As roupas íntimas masculinas tem raramente acarretado as mesmas conotações eróticas que as roupas íntimas femininas, pela razão de que os corpos dos homens não têm geralmente sido interpretados primordialmente em termos sexuais – apesar de a fetichização da roupa íntima masculina ter uma história significativa dentro da subcultura gay.
A emergência da roupa íntima masculina como moda reflete mudanças de papéis para homens e mulheres e uma quebra contínua de tabus sexuais.
As pernas são os caminhos para os genitais. Meias finas levam os olhos do observador perna acima, enquanto cinta-ligas emolduram os genitais. Para muitos homens o efeito é o de setas apontando para a terra prometida, um efeito acentuado quando as meias têm costuras na parte de trás.
...homens que realmente gostam de roupas íntimas pretas “precisam ver a pele branca emergindo de um invólucro preto, porque a pele branca por si só quase não os excita mais.
“Cobrindo os órgãos do toque... as luvas... enfatizam insinuações sexuais ao simultaneamente refrearem e estimularem o desejo” escreve Phillipe Perrot... a pornografia associava a mão à masturbação (daí a expressão “punheta”).
As feministas tem se oposto à exibição pública de roupas íntimas e a imagens erotizadas de mulheres em roupas de baixo, sob o pretexto de que constituem um tipo de molestação sexual visual... uma pessoa não pode controlar a forma como as outras pessoas “lêem” a aparência de alguém vestido.
“Para flara claramente, borracha é poder e sexo”, argumentou Candice Bushnell da Vogue depois de experimentar vários trajes brilhantes e apertados.
As roupas que escolhemos vestir, assim como nossa vida consciente em geral, estão, na sua maioria, firmemente sob o controle daquilo que os psicanalistas chamam de princípio da realidade (i.e., você nem sempre deve conseguir o que quer).
Há muito tempo patologizado e convertido em demônio, o “perverso” chegou a tempo de ser tomado como uma “vítima das circunstâncias” e então como alguém em rebelião contra a ordem social.