NA SOMBRA...

NA SOMBRA...
Vem comigo?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Água


Roubaram a água.
Creio que já chorei por aqui sobre o desperdício dos mananciais da floresta encantada, mas ultimamente, como ando muito pela cidade, resolvi visitar os açudes e igarapés que fizeram minha infância subaquática, quase anfíbia.
SUMIRAM!
E o que restou se transformou num rastro de bosta!
Açudes inteiros aterrados e cimentados, áreas alagadiças transformadas em ruas (a Baixada da Habitasa todo ano recebe visitas do Rio Acre), igarapés que cortavam a cidade toda sumiram do mapa, sem deixar vestígios.
Alguns, como o velho CHico, resistem bravamente, virando depósito de lixo e esgoto. Apesar dos esforços hercúleos dos órgãos competentes, a ação humana invadindo e desmatando áreas de proteção permanente à beira desses leitos, acaba por transformar tudo em nada.
Há meses acompanho uma APP no Bairro Conquista. Em pouco mais de dois meses, quatro casas subiram em aterros irregulares às margens do pequeno igarapé que, como tantos outros, parece estar com os dias contados...
E o que nos sobra? CALOR!
Cimento.
Asfalto.
Sem árvores.
Sem água.
Sem frutas.
Sem peixes.
A cidade está se transformando num grande seringal, dependente de tudo o que venha de caminhão pro armazém do Seu Menino, lá dos sudestes do país.
Quando eu imaginei que entraria em um mercado pra comprar banana? Caju? Melancia?
Já pode sentar e chorar (mesmo sem ter lido nem gostar de Pau no Coelho?)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Escuridão.


21/10/2011
Quando tem mais pessoas nas igrejas que nas escolas, é porque tem alguma coisa muito errada na condução pública da coisa.
O domínio político e social histórico massificou (a ferro e fogo) a idéia de supremacia da fé cega (e da faca, bem amolada). Contando com os bilhões de anos do planeta, a audácia do calendário cristão beira a zombaria, o escárnio. E o medo, aliado à manutenção da ignorância e reducionismo da maioria das pessoas a um saco de inutilidades, perpetua a pressão para que a imobilização social seja regra, não exceção.
Em Montreal, Canadá, apesar da forte influência cristã, tirando-se os nomes de santos nas ruas, a grande maioria das igrejas encontram-se abandonadas, e sevem de referência negativa à cidade, pelo elevado nível de consciência dos cidadãos a respeito das atitudes e posturas oficiais dos líderes religiosos. Na Holanda praticamente não há templos regulares em funcionamento...
A função educacional do Estado é mascarada e pulverizada em uma grande manobra de descrédito, péssima formação dos professores (algumas disciplinas nem formam mais docentes para a rede – vide vestibulares para licenciatura em geografia e história, por exemplo), montagem de uma grande e cara equipe burocrática e dependente, que se caracteriza pela defesa do modelo, escolas precárias, alunos desmotivados e subestimados.
Pela simples razão de que a informação causa desconforto, o conhecimento leva ao questionamento, a formação à atitude. Cultura cospe na estrutura (Marcelo Nova e Raul Seixas sibilaram bem essa loa...) e chuta a bunda dos bundões.
A diminuição de espaço e aumento da informação livre causa constrangimento em algumas situações, mas a atual posição nacional de “prosperidade” causa mais um disfarce, um desequilíbrio: a sensação de sucesso econômico que, na verdade, é um simples aumento de capacidade de endividamento pessoal, e a grande febre mundial do consumo, causa mortis da dignidade humana, aplaca a vontade, ameniza a aventura, mata a verdade. E então o povo senta. E curte a burrice sem senti-la, abraça a idiotização criticando os que se assustam e gritam.
QUEM EDUCA AMA. Não tem frase melhor para definir meu desespero...