NA SOMBRA...

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Vem comigo?

sexta-feira, 27 de maio de 2011

CHUVA

"Chove chuva, chove sem parar..." Sempre penso na vida e na purificação quando me desce tanta água na cabeça. O sincretismo religioso também aflora, e me vêm as divindades aquáticas e suas nuances. Mas a ordem do dia, ecológica, é a que mais choca, porque, segundo os "especialistas", estamos com os dias contados (nós, raça humana, porque esse planeta resiste a tudo, só muda a casca). Andando e reparando, sonho com o dia da vingança da água: o Largo do Machado era uma lagoa, assim como uma grande área do centro, próximo à 1º de Março e outros locais invadidos pelo progresso. O Aterro do Flamengo se incrimina pelo nome, e as antigas imagens da Lagoa Rodrigo de Freitas me fazem chorar (de ódio). "Oh chuva, peço que caia devagar..." Sempre imagino o mar e as chuvas vindo e se reestabelecendo, indeterminadamente. Aquela bacia em se transformou a praia de Copacabana, O sufoco da invasão sobre a margem do Arpoador e Praia do Diabo, as pistas de velocidade na Praia de Botafogo. Uma lagoa no Largo do Machado me deixaria mais feliz que se o Rio Carioca rompesse todas as suas amarras e jorrasse livre, límpido e fugaz do Cosme Velho até a Praia do Flamengo, de novo! "chove lá fora e aqui faz tanto frio..." Me remeto, entre ondas e banzeiros, ao desejo fluvial da Floresta Encantada! Ah se meu Seringal Aquiry tivesse sido adornado por pessoas sensatas, mantenedoras dos seus mananciais naturais de água doce e rica em alimentos. Tudo bem que minha querida Habitasa da infância, na Colocação Rio Branco, não existiria, mas, quer saber? Mil vezes ter morado no alto e caçado sapos e calangos naquele sítio de igarapés e igapós que ver, ano após ano, a agonia das águas podres de lixo invadirem as ruas das redondezas! E os igarapés que cortavam toda a cidade e foram reduzidos a pó? (não, não foram trocados por cocaína boliviana ou peruana, foram soterrados pelo asfalto que não pertence ao nosso meio amazônico! Nunca será!). E resta o discurso, às mergens do natimorto Rio Acre, de que se pensa a natureza por ali (só se for a natureza morta do dinheiro, que move os subterrâneos de campanhas, financiamentos, representação parlamentar e outras idiossincrasias). Que venaha a chuva de Noé! Pelo menos sobrarão os peixes pra nos comer as carnes e reproduzir a evolução... VIVA O TUCUNARÉ! (aaah uma caldeirada agora, com esse clima...)


NIETZSCHE 7.
O cristianismo é chamado de religião da compaixão. - A compaixão se encontra em oposição aos afetos tônicos que elevam a energia da disposição para viver: ela tem efeito depressivo. Perde-se a força quando se é compassivo. Através da compaixão, aumenta e se multilpica ainda mais a perda de força que, em si, o sofrimento já traz à vida (Em alemão, "compaixão" é Mitleiden, e "sofrimento", Leiden. "Afeto", pouco antes, é a nossa tradução para Affekt, termo que em alemão costuma ter uma conotação mais intensa, veemente (emoção, paixão) - também presente no português, mas significativamente atenuada pelas conotações mais comuns de "ternura" ou de "sentimento amoroso") O próprio sofrimento se torna contagioso através da compaixãoç sob determinadas circunstâncias, pode-se alcançar com ela uma perda total de vida e de energia vital que está numa proporção absurda com o quantuum (quantidade) da causa (o caso da morte do nazareno). Esse é o primeiro aspecto; mas há ainda um mais importante. Supondo-se que se meça a compaixão segundo o valor das reações que costuma produzir, seu caráter perigoso à vida aparece sob uma luz ainda mais clara. A compaixão se opõe de um modo geral à lei da evolução, que é a lei da seleção. Ela conserva o que está maduro para o soçobro, ela luta em favor dos deserdados e condeandos pela vida, ela dá à própria vida um aspecto sombrio e questionável através da abundância de malogrados de todo tipo que conserva vivos. Ousou-se chamar a compaixão de virtude (em toda moral nobre ela é considerada fraqueza); foi-se mais longe, fez-se dela a virtude, o solo e a fonte de todas as virtudes - todavia, que se tenha isso sempre em mente, a partir do ponto de vista de uma filosofia que era niilista, que inscreveu a negação da vida em seu brasão, Schopenhauer tinha razão de fazê-lo: a vida é negada pela compaixão, é tornada mais digna de negação - a compaixão é a prática do niilismo. Repito: esse instinto depressivo e contagioso se opõe àqueles instintos voltados à conservação e à elevação do valor da vida: tanto como multiplicador da desgraça quanto como conservador de tudo que é desgraçado, ele é um instrumento capital para a intensificação da décadence - a compaixão persuade ao nada!... Não se diz "o nada": em vez disso diz-se "o além"; ou "Deus"; ou "a vida verdadeira"; ou nirvana, salvação, bem-aventurança... Esa retórica inocente do âmbito da idiossincrasia moral-religiosa aparece de imediato muito menos inocente quando se compreende qual tendência aí se envolve no mantod e palavras sublimes: a tendência hostil à vida. Schopenhauer era hostil à vida: por isso a compaixão se tornoui uma virtude para ele... Aristóteles, como se sabe, via na compaixão um estado doentio e perigoso, do qual era bom dar conta, vez por outra, com um purgativo: ele entendia a tragédia como purgativo (Aristóteles, Poética, 1449b 27-28; 1435b 1ss). A partir do instinto da vida, seria realmente necessário procurar um meio de dar uma agulhada nessa acumulação doentia e perigosa de compaixão, como representada pelo caso de Schopenhauer (e, infelizmente, também de toda a nossa décadence literária e artística de São Petesburgo a Paris, de Tolstói a Wagner): para que ela estoure... Nada é mais malsão, em emkio à nossa malsã modernidade, que a compaixão cristã. Ser médico aí, ser impiedoso aí, manejar aí o bisturi - é o que cabe a nós, é a nossa espécie de amor à humanidade, assim nós somos filósofos, nós, os hiperbóreos!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

DÍVIDAS...


Como se faz para dever tanto quanto clubes de futebol, empresas multinacionais e empresários nacionais de grande porte? Bom, creio que "dever" eu até sei, e bem, mas não entendo como cresce tanto sem ser incomodado, sem a Receita Federal, o SPC, SERASA e demais joguetes do sistema aos seus pés...
Como?
Qual foi o esquema principal usado pelos políticos para falir os bancos estaduais?
Alguém, um dia na vida, vai pagar esse pato?

Nietzsche 6.
Foi um espetáculo doloroso, horripilante, que se abriu para mim: puxei a cortina que escondia a corrupção do homem. Em minha boca, essa palavra está protegida ao menos de uma suspeita: a de conter uma acusação moral contra o homem. Ela é pensada - gostaria de sublinhá-lo mais uma vez - sem moralina: e isso a tal ponto, que senti essa corrupção com mais intensidade exatamente lá onde até agora se aspirou do modo mais consciente à "virtude", à "divindade". Entendo a corrupção, já se percebe, no sentido de décadence: minha tese é a de que todos os valores em que a humanidade agora concentra a sua aspiração suprema são valores da décadence.
Chamo um animal, uma espécie, um indivíduo de corrompidos quando eles perdem seus instintos, quando escolhem, quando preferem o que lhes é prejudicial. Uma história dos "sentimentos superiores", dos "ideais da humanidade" - e é possível que eu tenha que narrá-la - também seria quase a explicação de por que o homem está tão corrompido.
Considero a prórpia vida como instinto de crescimento, de duração, de acumulação de forças, como instinto para o poder: onde falta a vontade de poder, ocorre declínio. Minha tese é a de que todos os valores supremos da humanidade carecem desa vontade - que sob os nomes mais sagrados há valores de declínio, valores niilistas no comando.